O Serviço Odontopediátrico de Lisboa (SOL [1]) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa revelou que, durante a pandemia [2], verificou-se “um aumento generalizado na ingestão” de alimentos açucarados, por parte dos mais jovens, com base no estudo que conduziu e que envolveu mais de 1500 crianças [3].
Em comunicado, o SOL [4] explica que o estudo teve como objetivo verificar e caracterizar os conhecimentos, comportamentos e hábitos ao nível da saúde oral, assim como possíveis alterações, durante o período de pandemia da covid-19, por parte das crianças e seus adultos responsáveis.
“Através da realização deste estudo, foi possível perceber importantes hábitos de saúde nas crianças, nomeadamente os referentes à higiene oral, às rotinas de sono e de nutrição. De uma forma geral, os adultos sabiam que medidas preventivas adotar para manter uma boa saúde oral. No entanto, foi possível apurar que, na rotina diária, nem sempre punham em prática esses conhecimentos”, explica o SOL, citado em comunicado.
Relativamente ao consumo de alimentos açucarados, o estudo revela ainda que cerca de 40% das crianças consome, pelo menos, três vezes por semana este tipo de alimentos, nomeadamente bolachas, chocolates e gomas, várias vezes ao longo do dia.
A investigação informa também que, nas crianças que ainda utilizavam biberão, houve uma diminuição nas refeições que incluíam leite. A queda mais expressiva verificou-se no consumo de leite simples (vaca ou fórmula).
Nos hábitos de sucção não nutritiva, a utilização da chupeta e de biberão por quem já o fazia foi mais frequente. Já quanto às rotinas de descanso, 70,2% dos agregados responderam que a criança mantinha em média, por dia, as mesmas horas de sono de antes, mas cerca de 30% registaram alterações, sendo que 17,6% passaram a dormir mais horas e 11,9% menos horas.
Outras conclusões
- 30% dos inquiridos referiu que apenas realizou a primeira consulta de pandemia [2]após a criança realizar 3 anos. Cerca de 24% nunca levou a criança a nenhuma consulta;
- Aumento do número de crianças que escovava os dentes apenas uma vez por dia, da mesma forma que aumentou o número de crianças que não utilizava o fio dentário diariamente;
- Houve um acréscimo da frequência do hábito de “petiscar”, o que favoreceu o consumo de determinados alimentos, nomeadamente fruta e alimentos açucarados e processados;
- Os autores deste estudo consideram fundamental continuar a trabalhar no desenvolvimento de estratégias de prevenção e de adoção de hábitos saudáveis.
O Estudo sobre Conhecimentos, Comportamentos e Hábitos de Saúde e Higiene Oral antes e durante o período de pandemia foi coordenado pelo médico dentista André Brandão de Almeida, diretor clínico do SOL, e tem ainda como coautores, Carina Sarmento e Rita Sardinha. A investigação partiu de um universo correspondente a adultos com crianças e jovens a cargo entre os 0 e os 17 anos de idade, trabalhando sobre uma amostra, não aleatória, de 1566 crianças elegíveis pertencentes a 1018 agregados familiares.
O SOL é um equipamento inédito da Santa Casa que presta gratuitamente cuidados de saúde oral a todas as crianças e jovens até aos 18 anos, que estudem ou residam no Concelho de Lisboa, independentemente da sua condição social.
Pode consultar o estudo na íntegra, aqui [5].