Conduzido por 31 médicos, o estudo e as suas conclusões basearam-se em questionários realizados a cerca de 800 internos de 45 especialidades diferentes distribuídos por unidades de todo o país.
Tiago Reis Marques, médico psiquiatra e um dos responsáveis pela investigação, explicou que à medida que avança o período de formação na especialidade, a vontade de sair do país para exercer a profissão aumenta, com os resultados do inquérito a mostrarem que no último ano do internato a percentagem de inquiridos que ponderam emigrar sobe para 74%, quando no primeiro ano é de 53%.
“A grande maioria considera que nos últimos anos a qualidade da saúde em Portugal tem vindo a diminuir muito ou mesmo extremamente e só 2% dos médicos internos acha que melhorou. Os médicos mais jovens têm vindo a percecionar uma degradação das suas condições de trabalho”, revela Tiago Reis Marques.
Além disso, 20% dos médicos em formação inquiridos afirmam que se voltassem atrás não optariam pelo curso de medicina, perceção que se deve ao “confronto com a realidade da prática médica atual que faz os médicos internos mostrarem esta reticência em relação ao curso escolhido.”
“Há uma perceção de que os médicos têm um grande prestígio social e que ganham muito dinheiro. Depois há o confronto com a realidade, com o grande desgaste profissional e com muitas horas de trabalho. E, atualmente, com muitas competências retiradas e autonomia comprometida”, explica.
Ainda assim, cerca de 80% dos questionados revela-se satisfeito com a qualidade da formação, percecionado a formação média em Portugal como formação de qualidade.