Que novidades destaca na área da dentisteria estética?
Presentemente há novos conceitos digitais, assim como comunicações, e novos sistemas CAD-CAM, mas isto é relativo às questões técnicas. Por isso, a maior alteração que tem acontecido nos últimos tempos é a perceção de que temos de começar a perceber mais o paciente e a considerá-lo como um elemento da equipa relativamente ao design do seu sorriso, o que implica que este design deva transmitir as suas emoções. Deste modo é necessário avaliar o paciente física e psicologicamente e depois tentar descobrir como se querem expressar através dos seus sorrisos e, ao combinar todos estes fatores, conseguimos fazer com que o paciente saia do consultório com a sensação de que o ‘novo’ sorriso já lhe pertencesse há anos.
Que aspetos basilares devem ser considerados na hora de desenhar o sorriso?
Temos de ter em conta que todas as pessoas são diferentes, ou seja, vestem-se maneira distinta ou gostam de carros diferentes. No fundo, todas as pessoas têm personalidades díspares: há aquelas que são muito dinâmicas, há outras que são muito fortes, há indivíduos mais calmos e isto implica expressões faciais diferentes. Tentamos desenhar o sorriso de modo a refletir estas características, ou seja, estas diferentes expressões. Se formos bem-sucedidos a combinar estes fatores com aquilo que o paciente quer, os resultados são espetaculares.
Escreveu o livro ‘Science and Art of Porcelain Laminate Veneers [1]’ em 2003. Que alterações desde então destaca?
Existiram várias alterações e inovações ao nível digital. Por outro lado, no meu livro referi, assim como muitos outros grandes médicos dentistas como Claude Rufenacht ou Mauro Fradeani têm vindo a referir, as bases do smile design, que continuam viáveis. Mas estas bases não transmitem as emoções, que são extremamente importantes e devem ser tidas em conta no desenho.
Em que consiste o conceito de Visagism?
Consiste na utilização de símbolos universais. Apesar de todas as pessoas terem uma personalidade diferente, assim como diversos estilos de vida ou religiões, há elementos comuns. Carl Jung descobriu que, apesar de toda esta diferença, alguns símbolos são sempre os mesmos: linhas perpendiculares representam um efeito forte; linhas inclinadas um efeito dinâmico; linhas horizontais um efeito calmo e círculos representam delicadeza. Deste modo pegamos nestes símbolos como referência e usamo-los no desenho dos sorrisos. Por exemplo, se o paciente quer um sorriso mais forte optamos por linhas mais direitas, se quer o efeito calmo escolhemos horizontais. Ao fazermos isto estamos simplesmente a aplicar aquilo que está presente na natureza à dentisteria.
E como descobrir a personalidade do paciente?
Fazemos pequenas entrevistas onde constam perguntas do tipo: ‘se lhe oferecessem agora um carro, que modelo iria querer’, sendo que o paciente poderia optar por um SUV ou um carro muito dinâmico, como um Porsche. Outra das perguntas que fazemos é ‘imagine que lhe oferecemos dez milhões de euros, o que iria fazer?’ e neste ponto as pessoas podem responder que iriam passar o resto da vida a pescar, que é uma atividade calma, ou a fazer esqui, que é algo muito mais dinâmico, ou usar o dinheiro para investir, uma decisão que traduz uma personalidade forte.
A multidisciplinariedade é importante no campo estético?
É fundamental. O que estou a tentar salientar neste congresso é a importância da parte emocional do smile design. No entanto, a base do sorriso deve ser muito sólida, ou seja, cada dente deve estar no sítio a que pertence, o significa que no nosso consultório 60 a 70% dos pacientes são reencaminhados para a consulta de ortodontia o que, na prática, faz com a fase de preparação do tratamento seja minimamente invasiva.