Entrevista a Salomão Rocha, médico dentista
Em criança qual a profissão que queria seguir?
Sempre fui muito ambicioso! Em criança, enquanto os meus colegas aspiravam ser polícias, bombeiros ou jogadores de futebol, eu queria ser Presidente da República! Essa modesta obsessão fez com que fosse durante alguns anos o delegado de turma e valeu-me a alcunha de “Presidente”.
O que o levou a escolher medicina dentária?
Criei-me no meio dos dentes! O laboratório de prótese dos meus pais despertava-me bastante curiosidade e, à medida que fui crescendo, senti-me sempre atraído pela Medicina Dentária. Também adorava Matemática e o mundo da Bolsa. Por isso, na candidatura à Universidade coloquei Medicina Dentária em 1º lugar e Economia em 2º! Ou entrava em Medicina Dentária ou dedicava-me aos números.
Porque elegeu a área de Reabilitação Oral Protética ?
O principal responsável pelo meu trajeto dentro da Medicina Dentária foi, e continua a ser, o Prof. Dr. Fernando Guerra. Foi com ele que aprendi que tudo aquilo que fazemos podemos fazer ainda melhor. E isso obriga-me a tentar superar-me todos os dias.
A nível profissional qual o episódio que mais o marcou?
O que marcou a minha vida profissional foi sem dúvida o convite para ficar como docente da disciplina de Prótese Fixa da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Esse convite foi feito logo que acabei a licenciatura e isso fez com que nunca tivesse deixado a Faculdade. Ou seja, sinto-me um privilegiado por nunca ter sentido a nostalgia de quem está para acabar um curso e começar uma nova vida. Essa integração precoce na docência fez com que começasse logo a apostar na reabilitação protética quer clinicamente, quer em termos de formação.
Do que mais se orgulha profissionalmente e do que mais se arrepende?
Arrependo-me de me deitar tarde todos os dias! O que mais pode orgulhar um profissional? O reconhecimento pelo seu trabalho. E não fujo à regra. O que mais prazer me dá é saber que sou útil para o paciente, para o aluno, para a instituição. É saber que aquilo que fazemos com prazer é percebido pelos outros e isso é extremamente importante.
Qual o seu lema de vida?
Fazer as coisas com paixão.
Não sai de casa sem…
Levar o equipamento para poder ir correr caso surja oportunidade.
Qual o seu maior vício?
O trabalho. Adoro o que faço.
Qual a palavra que melhor o descreve?
Sonhador.
Projetos para 2014?
O principal é defender a tese de Doutoramento. A nível profissional é dar continuidade ao projeto iniciado com vários colegas de diferentes áreas, em especial Alexandra Vinagre e Júlio Fonseca, no Centro Integrado de Medicina Dentária de Coimbra. A terceira aposta é na formação. Uma formação diferenciada e centrada no formando.
O que falta no setor da medicina dentária em Portugal?
Falta muita coisa menos Médicos Dentistas. E esse é talvez o nosso principal problema. O excesso de profissionais e a escassez de trabalho vai conduzir a um rol de coisas menos boas e menos dignas de uma profissão tão nobre. Sendo uma pessoa positiva não gostaria de acabar esta entrevista em tom pessimista, mas antes deixar um conselho aos mais novos: tentem encontrar dentro da profissão aquilo que vos dá mais prazer e depois usem isso em favor do paciente. Na nossa profissão o melhor marketing é a nossa capacidade e isso não se compra.
Artigo publicado na edição de março/abril de 2014 da revista SAÚDE ORAL