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Rumo ao Sul

Países com a Alemanha e a Holanda, normalmente tidos como importadores de mão-de-obra, estão neste momento a “exportar” alguns dos seus profissionais de saúde mais qualificados, como é o caso dos médicos dentistas. Ao que a revista “SO” apurou, este fenómeno pode encontrar uma explicação no desemprego que estará a atingir os médicos dentistas alemães e de outros países norte-europeus, onde a falta de perspectivas de futuro estará a obrigar estes profissionais a rumarem a paragens onde ainda haverá “mercado” de trabalho.

Além disso, o superior poder económico dos muitos reformados destes países pode ser outra das razões explicativas desta mutação dos fluxos migratórios, uma vez que aqueles reformados optam por “gozar” as suas reformas em países mediterrânicos, como Portugal e Espanha.

Contactado pela “SO”, o presidente do Colégio Oficial de Odontólogos e Estomatólogos das Baleares (COEIB), Roser Puigserver, comprova que a presença de 51 dentistas alemães naquelas ilhas assenta na existência de uma grande comunidade de aposentados germânicos naquela zona.

Da mesma forma, Portugal já se encontra nas rotas migratórias daqueles profissionais. De acordo com os dados oficiais da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), actualmente, em solo nacional, exercem 731 médicos dentistas das mais variadas origens.

É o caso do alemão Wolfgang Albert Funke, que vive em Portugal há já 20 anos. «Aqui [Cascais] tenho menos stress e mais trabalho. Tenho este Sol maravilhoso e o lindo mar», destacou.
Também a médica dentista holandesa Anne Swart escolheu Portugal, mais especificamente, o Algarve, para exercer a profissão de Medicina Dentária.

À semelhança do alemão, Swart reitera que o facto da sua equipa de médicos dentistas ser poliglota tem contribuído para a angariação de clientes entre a população de reformados estrangeiros que gozam as suas pensões no Algarve: «qualquer pessoa se sente mais à vontade quando pode explicar os seus problemas de saúde na língua materna».

Fenómeno «perfeitamente normal»

O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, desvaloriza o fenómeno de emigração, uma vez que a Europa “sem fronteiras” tem potenciado este género de troca de saberes. No entanto, admite que esta pequena “diáspora” de médicos dentistas provenientes de países ricos e habitualmente importadores de mão-de-obra está, de forma directa, relacionada com o fenómeno de permanência dos reformados estrangeiros que vivem em Portugal.

Monteiro da Silva não aceita que se fale em falta de “confiança” dos reformados estrangeiros nas capacidades dos profissionais portugueses. «É essencialmente uma questão de língua e uma questão cultural. É perfeitamente normal que um reformado prefira ser atendido por alguém da sua cultura e com quem tem um entendimento fácil», rematou.