Ana Mano Azul, Médica dentista e Professora no ISCSEM
Em criança qual a profissão que queria seguir?
Médica, sem nenhuma especialidade definida. Morava no Campo Grande e muitas vezes cruzava-me com os doentes do Júlio de Matos que tinham autorização de saída (se calhar alguns não tinham, fugiam!). Pensei algumas vezes em Psiquiatria para os ajudar.
O que a levou a optar pela medicina dentária?
Na candidatura (já lá vão muitos anos) não sei até onde a razão me levou para justificar a opção. Eu sempre tive ideias muito definidas relativamente às componentes que a profissão que viesse a exercer tinha que englobar: área da Medicina, relações interpessoais, ajuda do próximo. Quem me conhece sabe que tenho curiosidade científica, gosto de trabalho manual, minúcia, detalhe.
A nível profissional, qual o episódio que mais a marcou?
Foi um episódio que se transformou numa vivência. O Professor Jorge Leitão convidou-me para trabalhar com ele no Departamento de Materiais Dentários da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa em 1988. Foi uma boa surpresa! Marcou-me de tal modo que há 27 anos que dou aulas. Sempre foi um Professor rigoroso e cientificamente muito conhecedor, que me ajudou a criar fortes bases de ensino e pedagogia. Mas já agora, porque também me marcaram muito, não posso deixar de mencionar o Professor Clarimundo Emílio, de cujo perfeccionismo procuro retirar as minhas referências de trabalho académico e clínico diários, e o Professor César Mexia de Almeida em cujo consultório trabalhei desde o início e durante oito anos. Era um consultório que me fez ter uma experiência de luxo, nas vertentes de plano de tratamento multidisciplinar, e na exigência do trabalho clínico.
Tem algum lema de vida?
Carpe Diem, disfrutando, enaltecendo o que a vida me dá de bom todos os dias, minorando ou relativizando as menos boas e preparando o dia de amanhã. É uma tarefa constante.
A nível profissional, do que mais se orgulha e do que mais se arrepende?
Profissionalmente sinto sempre orgulho quando contribuo para a qualidade de vida dos doentes. Outro orgulho é quando vejo os meus alunos ou ex-alunos a fazerem um bom trabalho clínico e humano. Não me recordo de nada que me arrependa…
Não sai de casa sem…
Lavar os dentes!
Qual o seu maior vício?
Não sei se se pode denominar vício: Organização.
Qual a palavra que melhor a descreve?
Alegre.
O que falta no sector da medicina dentária em Portugal?
Apoio do Estado de forma mais abrangente a uma população que sabemos ser tão necessitada de cuidados de Medicina Dentária.
Artigo publicado na edição de março/abril de 2015 da revista Saúde Oral